quinta-feira, 11 de novembro de 2010

LYCOPODIUM FÊMEA

“HOMENS necessitam de Lycopodium, Sulphur ou Nux-v.
Lycopodium é ávido de poder, Sulphur é o filósofo esfarrapado e Nux-v é colérico.”
“MULHERES necessitam Pulsatilla, Lachesis, Sepia, Ignatia e Natrum-mur.
Pulsatilla está sempre em lágrimas, Lachesis é loquaz, Sepia é atrevida, Ignatia histérica e Nat-m fechada.”
Estes surrados clichês estão na ponta da língua e sua influência na prescrição homeopática mundial não deve ser subestimada. Além disso, insultam o requisito primário de Hahnemann de que devemos ser observadores isentos de preconceitos; portanto, perniciosos à nossa habilidade para encontrar o simílimo do paciente. Além do mais, implicam em julgamento do paciente. Lycopodium, além de ser remédio-macho, adquiriu conotações extremamente negativas.”

Com o texto acima, o autor alemão KARL-JOSEPH MÜLLER inicia essa monografia sobre Lycopodium clavatum, um dos remédios mais conhecidos e, talvez, por isso mesmo, prescrito em casos nos quais outro remédio poderia atuar com mais eficácia.
Como um dos principais policrestos ―ao lado de Sulphur, Natrum muriaticum, Pulsatilla, Nux-vom, Aconitum, Phosphorus, Belladona, Lachesis... ―, muitos deles experimentados pelo próprio Hahnemann, é natural que, ao longo desses duzentos anos, suas re-experimentações haja acumulado um número imenso de sintomas figurantes nos Repertórios.
Nada contra os policrestos! Afinal, se estão aí é porque conquistaram esse lugar, porém, não é demais alertar para a tendência, humana e justificável, de seguir pelo caminho mais fácil.

Contudo, neste caso, trata-se exatamente do contrário: perder a oportunidade de prescrever Lycopodium, com sucesso, apenas porque é considerado um remédio masculino.

Müller, com maestria e síntese, mostra o quanto Lycopodium pode ajustar-se à mulher, “ir além e banir essas associações mentais. Além da extensão “fêmea” do título há a busca em
acrescentar outra dimensão às possibilidades terapêuticas desse remédio.
Quais seriam as bases de apoio à prescrição que evitariam esse escolho?

“Na história pessoal do paciente, o ponto crítico pode ser a morte do pai ou, posteriormente, a morte do marido ou parceiro (ou de outra pessoa que tenha assumido o papel masculino em sua vida). Essa perda implica, imediatamente, na assunção de novas responsabilidades, tarefas ou deveres que superexigem seu potencial. De modo similar, crescer sem um pai pode levar a uma situação Lycopodium: muitas responsabilidades, precocemente (diferenciar de Carcinosinum). Em Lyco-fêmea, contudo, é na área de ‘responsabilidades masculinas’.”

“Outra situação típica é promoção na ladeira profissional, no próprio trabalho: exigências adicionais que representam, de súbito, sobrecarga na disponibilidade de tempo, capacidades, supervisão. (Aversão à responsabilidade).”

Confirmando suas afirmativas, Müller apresenta seis casos clínicos nos quais demonstra toda sua habilidade em avaliar e conduzir o caso. E acrescenta:

“De modo geral, homeopatia é muito simples: há necessidade de (a) encontrar um remédio que, realmente, se ajuste ao paciente ― da mesma maneira que a peça apropriada de um quebra-cabeça se ajusta naturalmente ―, e (b) aguardar de ‘mãos ao alto’, isto é, como alguém que controla uma operação automática”

Cordialmente EFS - www.sampaioeditores.com.br

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