domingo, 5 de dezembro de 2010

A BOA NOTÍCIA



A BOA NOTÍCIA

Programado para fevereiro de 2011 o início das atividades do American Medical College of Homeopathy (Colégio Médico Americano de Homeopatia) em Phoenix, Arizona. O que tem isso de chamativo ou diferente?
Para responder a isso, é preciso recuar ao ano de 1900: nesse início do século XX, havia nos Estados Unidos 22 escolas médico-homeopáticas, 100 hospitais homeopáticos, 1000 farmácias homeopáticas, dispensários homeopáticos para carentes e, de cada quatro médicos, um era homeopata. Era o fastígio da homeopatia norte-americana na sua idade áurea.
Os 50 anos seguintes testemunharam notável progresso científico-tecnológico com descobertas notáveis nos campos da física e da química e a indústria farmacêutica enrijeceu seus músculos conquistando o mundo todo com suas drogas patenteadas.
Depois que Fleming descobriu a Penicilina e, quase em seguida, surgia a Estreptomicina mudando o mundo: doenças venéreas crônicas e afecções de pele eram curadas milagrosamente por uma única dose da penicilina. A tuberculose recuava desmoralizada ante algumas doses da estreptomicina. A amaldiçoada sífilis recebia seu devido castigo imposto pela penicilina. Novos antibióticos eram patenteados pelos laboratórios e a humanidade chegou a uma conclusão lógica: o fim das doenças todas está próximo. Quem queria saber das bolinhas ou gotinhas da homeopatia? Os diminutivos falam por si.
Por volta de 1930, fechavam as suas portas os últimos hospital e escola médica americanos. Os próprios médicos não queriam mais perder tempo com um método de tratamento cheio de filosofadas e teorias mirabolantes relacionadas a doenças e doentes. Além do que, havia muitos leigos que a praticavam baseados em manuais caseiros. Adquiriu fedores de curandeiragem, o que, na língua inglesa, é ‘hocus-pocus’, algo como ‘conversa-mole’ ou ‘conversa-fiada’.
Para encurtar, a homeopatia praticamente extinguiu-se naquelas bandas. É bom lembrar que os americanos inventaram o ‘capitalismo selvagem’ o que, entre outras coisas, implica em eliminar a concorrência e isso se seguiu à risca.
E no resto do mundo? Países pobres e, especialmente, de grande extensão territorial ― como o nosso Brasil ― continuaram por mais tempo utilizando a homeopatia, no mais das vezes, como único recurso disponível. Mesmo assim, no final da década de 1950, Curitiba tinha 2 médicos-homeopatas idosos, bravos e teimosos. Cerca de uma dúzia deles poderia ser encontrada em São Paulo. No Rio de Janeiro ― o berço da homeopatia brasileira ― o número deles não era maior. Lembrar que, o Instituto Hahnemanniano do Brasil ― o mais próximo que chegamos de uma escola médico-homeopática―, transformou-se em escola com padrões alopáticos e a homeopatia foi encurralada num mero curso optativo do sexto ano médico.
Voltemos à notícia em epígrafe, demonstrada agora sua relevância: abrir-se-ão as portas da nova escola, oitenta e seis anos depois de fechada a última escola médica-homeopática.
Qual o panorama da homeopatia naquele país? A partir de 1970 renovou-se o interesse e, atualmente, cerca de 1500 médicos a praticam, ao lado de alguns milhares de profissionais leigos, o que ainda é quase nada num país cuja população já ultrapassa os trezentos milhões. Só esse fato ressalta a importância da iniciativa.
Essa escola não sai do nada: graças aos esforços e dedicação do Dr. Todd Rowe, seu fundador e diretor, que, primeiro, criou o Desert Institute of Classical Homeopathy (Instituto de Homeopatia clássica do Deserto: uma referência ao deserto do Arizona). Depois foi a vez do Desert Iestitute School of Classical Homeopathy (Escola do Instituto de Homeopatia Clássica do Deserto). Finalmente, chega-se à categoria de ‘College’, isto é uma escola de medicina voltada para a homeopatia, onde se ensinam as disciplinas básicas do curso médico, mas cuja terapêutica ― o tratamento ― é voltada para os remédios homeopáticos com todo seu leque de medicamentos, recursos farmacêuticos, filosofia... enfim, uma formação adequada a alguém que receberá o título de ‘médico-homeopata’. Os demais seriam os chamados ‘licenciados’, com espaço, inclusive, para naturopatas, integrativos e leigos ou, simplesmente, curiosos da matéria.
Conclusão: tudo que o americano faz, acaba sendo feito por aqui, portanto, é possível que em algum ponto do futuro seja criada nossa Escola Médica de Homeopatia. Não será fácil, porém, contamos com boa estrutura em São Paulo com suas universidades, seu espírito aguerrido e seu temperamento nervoso. Minha aposta é nos paulistas.
Fonte: Hpathy Ezine, novembro/2010: entrevista do Dr.Todd Rowe a Debbie Noah (http://www.hpathy.com/).
EFS – sampareb@uol.com.br